Democracias não devem “fechar os olhos para a agressão militar”, disse a líder de Taiwan na quarta-feira (2), alertando que sua ilha enfrenta ameaças semelhantes às enfrentadas pela Ucrânia em uma reunião com uma delegação de ex-oficiais de segurança dos EUA.
“A história nos ensina que se fecharmos os olhos para a agressão militar, só pioramos a ameaça a nós mesmos”, disse a líder taiwanesa Tsai Ing-wen à delegação.
“O compromisso do povo ucraniano de proteger sua liberdade e democracia e sua dedicação destemida em defender seu país foram recebidos com profunda empatia pelo povo de Taiwan, pois também estamos na linha de frente da batalha pela democracia”.
Ela alertou sobre a crescente ameaça militar de Pequim a Taiwan e à região, incluindo “o uso de táticas de guerra cognitiva e desinformação para dividir a sociedade taiwanesa”.
Apenas algumas semanas antes da invasão da Ucrânia por Moscou, a China e a Rússia assinaram uma declaração conjunta concordando com uma série de objetivos de política externa, incluindo Taiwan como “uma parte inalienável” do continente.
“Enfrentando ameaças à segurança do Estreito de Taiwan e da região, esperamos trabalhar ainda mais próximos dos EUA e outras partes interessadas na região”, disse Tsai.
A colaboração entre os Estados Unidos e Taiwan é mais forte e expansiva do que nunca, disse o ex-presidente do Estado-Maior Conjunto dos EUA, Mike Mullen, que lidera a delegação.
“Os Estados Unidos continuarão a se opor a quaisquer mudanças unilaterais ao status quo e continuarão a apoiar uma resolução pacífica das questões do Estreito, consistente com os desejos e os melhores interesses do povo de Taiwan”, disse Mullen a Tsai em uma transmissão ao vivo da reunião..
“Espero que, estando aqui com você, possamos assegurar a você e seu povo, bem como a nossos aliados e parceiros na região, que os Estados Unidos estão firmes em seus compromissos.”
“A ameaça militar da China ao Estreito de Taiwan e à região continua aumentando”, disse Tsai à delegação dos EUA. Taiwan promete se defender se atacada.
A viagem da delegação americana ocorre dias após um navio de guerra dos EUA navegar pelo Estreito de Taiwan, a via navegável entre a China e Taiwan. Os militares dos EUA descreveram sua passagem como rotineira, mas Pequim disse que era “provocativa”, segundo a Reuters.
A China denunciou a visita de Mullen na terça-feira (1), com seu porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, dizendo que “quem os Estados Unidos enviarem para mostrar apoio a Taiwan está fadado ao fracasso”.
DOAÇÃO DE SALÁRIO. Tsai Ing-wen disse na quarta-feira (2) que ela, o vice-presidente William Lai e o primeiro-ministro Su Tseng-chang doarão cada um o salário de um mês para ajudar nos esforços de ajuda humanitária para a Ucrânia.
Ma semana passada, Taiwan também anunciou que se juntou às sanções lideradas pelo Ocidente contra a Rússia, embora seu próprio comércio com o país seja mínimo.
“Espero que nossos compatriotas, assim como todos os nossos parceiros do partido em cargos públicos, possam responder plenamente a esta ação e expressar firmemente ao mundo que Taiwan está com a Ucrânia, e Taiwan está com democracia e liberdade”, disse Tsai, de acordo com a Reuters.