Chineses compraram mais de US$ 6 bilhões em propriedades nos Estados Unidos no ano passado, mais do que qualquer outro investidor estrangeiro. Muitas dessas propriedades são terras agrícolas ou fazendas próximas a bases militares americanas.
Reportagem da CNN sobre equipamentos de telecomunicações da chinesa Huawei instalados em zonas rurais dos EUA sugerem que as compras de terras por chineses também podem representar uma grave ameaça à segurança nacional.
A CNN narra o esforço de mais de uma década do governo chinês para estabelecer uma enorme inteligência eletrônica e capacidade de interferência nas proximidades de instalações militares dentro dos EUA e em Washington DC, permitindo que o Partido Comunista Chinês interfira até mesmo na comunicação do sistema de defesa nuclear dos EUA.
A reportagem detalha como as gigantes de telecomunicações chinesas Huawei e ZTE vendiam equipamentos de torre de celular e roteadores, muitas vezes sem obtenção de lucro, para pequenos provedores de telecomunicações rurais no coração da América. Muitos dos equipamentos fabricados na China foram instalados próximos de 400 mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs) Minuteman III no Colorado, Montana, Nebraska, Dakota do Norte e Wyoming.
Os equipamentos de telecomunicações chineses apresentam quatro ameaças: informações em tempo real de comunicações, informações de imagens em tempo real, interferência de sinais ofensivos e ataques à Internet.
Transmissores e receptores de torre de celular podem ser reconfigurados remotamente para ouvir transmissões militares próximas. Transmissores de torres de celular podem ser programados a transmitir em certas frequências usadas pelos militares, uma tática conhecida como interferência.
Da mesma forma, a conectividade das torres de celular com a internet pode ser usada para sobrecarregar ou degradar o serviço de internet nas primeiras horas de um conflito. Muitas das torres de celular receberam câmeras nos últimos anos para fornecer tráfego em tempo real e condições climáticas. Muitas dessas câmeras também monitoram o tráfego em torno de instalações militares dos EUA.
A investigação de contra-inteligência do FBI sobre essa ameaça foi tão sensível que formuladores de políticas públicas da Casa Branca e do Congresso não foram informados sobre a empreitada chinesa até 2019.
Logo depois, a Comissão Federal de Comunicações emitiu uma regra proibindo pequenas empresas de telecomunicações de usar certos tipos de equipamentos fabricados na China.
Em 2020, o Congresso destinou US$ 1,9 bilhão para retirar e substituir cerca de 24.000 equipamentos da Huawei e ZTE na América rural. Mas nenhum equipamento teria sido removido até hoje.
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Base de Dakota do Norte
O Fufeng Group, uma grande empresa agrícola com fortes laços com Pequim, comprou 370 acres para seu novo moinho de milho no parque de agronegócios em Grand Forks, a uma curta distância da Base Aérea de Grand Forks.

A base de Grand Forks é um dos principais locais para o drone RQ-4 Global Hawk, uma “aeronave pilotada remotamente com recursos de inteligência, vigilância e reconhecimento” usada pelos Estados Unidos em todo o mundo; o drone “depende da manutenção fornecida pelos aviadores do 319º Esquadrão de Manutenção de Aeronaves” em Grand Forks. No ano passado, um drone Global Hawk de US$ 64 milhões caiu a 11 quilômetros da base.

A Comissão de Revisão Econômica e de Segurança EUA-China alertou em maio que Fufeng tem “laços com o governo chinês” e “laços com o Partido Comunista Chinês e conta com capacidades de inteligência, vigilância e reconhecimento” e que “a localização do terreno próximo à base é particularmente conveniente para monitorar os fluxos de tráfego aéreo dentro e fora da base, entre outras preocupações relacionadas à segurança”.
Os registros de negócios de Fufeng afirmam que o presidente do Grupo Fufeng, Li Xuechun, “é membro do 12º Congresso Popular da Província de Shandong”, que faz parte da estrutura de governo do Partido Comunista Chinês.
O major da Força Aérea dos EUA Jeremy Fox escreveu um memorando em abril de 2022 afirmando que “se acesso [à áreas próximas] fosse dado a nossos adversários, e suas coletas [de dados] fossem direcionadas a nós, isso representaria um risco caro à segurança nacional, causando graves danos às vantagens estratégicas dos Estados Unidos.”
O coronel Timothy Curry, comandante da base aérea, disse à prefeitura de Grand Forks em junho que o memorando de Fox era apenas um conjunto de “ideias” e que “algumas são plausíveis, outras menos”, segundo o Grand Forks Herald.