Flórida e Texas registram casos de malária pela primeira vez em 20 anos

Pela primeira vez em 20 anos, a malária foi transmitida localmente por mosquitos nos Estados Unidos. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) emitiram um alerta em 26 de junho informando que pelo menos quatro pessoas na Flórida e uma no Texas contraíram a doença transmitida por mosquitos nos últimos dois meses.

O caso no Texas foi registrado no condado de Cameron, localizado na ponta sudeste do estado, na fronteira com o México. Os casos na Flórida ocorreram no condado de Sarasota, entre Tampa e Fort Myers.

“A malária é uma emergência médica e deve ser tratada adequadamente”, escreveu o CDC em um Alerta de Saúde. “Os pacientes com suspeita de malária devem ser avaliados com urgência em uma unidade que seja capaz de fornecer diagnóstico e tratamento rápidos, dentro de 24 horas após a apresentação.”

As manifestações clínicas da malária incluem febre, calafrios, dor de cabeça, mialgias e fadiga. Náuseas, vômitos e diarreia também podem ocorrer. Para a maioria das pessoas, os sintomas começam 10 dias a 4 semanas após a infecção, embora uma pessoa possa sentir-se mal em 7 dias ou até 1 ano após a infecção.

Se não for tratada prontamente, a malária pode progredir para uma doença grave, um estágio com risco de vida, no qual podem ocorrer alterações do estado mental, convulsões, insuficiência renal, síndrome do desconforto respiratório agudo e coma.

A malária já foi endêmica nos EUA, mas foi erradicada na década de 1970. Uma das primeiras tarefas do CDC em sua fundação em 1946 foi eliminar a doença como uma ameaça à saúde pública.

Cerca de 2.000 casos de malária são diagnosticados anualmente nos EUA, mas geralmente são contraídos por pessoas que viajaram para fora do país. Em 2003, houve oito casos de malária transmitida por mosquitos adquiridos localmente identificados no Condado de Palm Beach, Flórida.

Ao longo da história, presidentes americanos também contraíram a doença, incluindo George Washington, Abraham Lincoln, Ulysses S. Grant, and James Garfield.

“Não é hora de entrar em pânico”, disse Brian Grimberg, professor associado de patologia e saúde internacional da Case Western Reserve University, ao The Washington Post. “Acho que a mensagem é para estarmos atentos. Quero dizer, os americanos nunca pensam em malária, a menos que viajem para o exterior.

Hidroxicloroquina

A Hidroxicloroquina, que se tornou famosa — e polêmica — durante a pandemia de COVID-19, é um medicamento à base de quinolina usado para tratar ou prevenir a malária, uma doença causada por parasitas que entram no corpo através da picada de um mosquito.

A malária é transmitida unicamente pela fêmea do mosquito Anopholes.

O Mosquito

Anopholes é o único portador conhecido de malária, também transmite filariose e encefalite. Os mosquitos Anopheles são facilmente reconhecidos em sua posição de repouso, na qual a tromba, a cabeça e o corpo são mantidos em linha reta entre si, mas em ângulo com a superfície.

Mosquito Anopholes

O Mosquito Geneticamente Modificado

Texas e Flórida também foram os estados em que a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) aprovou, em maio de 2020, a liberação de 750 milhões de mosquitos geneticamente modificados produzidos pela Oxitec, empresa americana baseada no Reino Unido, com escritórios também no Brasil.

O mosquito OX5034 foi alterado para produzir descendentes fêmeas que morrem na fase larval, bem antes de eclodir e crescer o suficiente para picar e espalhar doenças. Apenas a fêmea do mosquito pica em busca de sangue, que ela precisa para amadurecer seus ovos. Os machos se alimentam apenas de néctar e, portanto, não são portadores de doenças.

“Para enfrentar os desafios de saúde pública de hoje, o país precisa facilitar a inovação e avançar a ciência em torno de novas ferramentas e abordagens para proteger melhor a saúde de todos os americanos”, de acordo com o comunicado de imprensa da EPA na ocasião da aprovação.

Experimento arriscado?

“Florida Keys e Houston e as comunidades vizinhas abrigam algumas das espécies mais diversas e ameaçadas em nosso país. Mais uma vez, o governo Trump está desconsiderando insensivelmente os especialistas científicos e a vontade das comunidades de forçar esse experimento arriscado”, disse Dana Perls, da Friends of the Earth, em um comunicado, em 2020.

Testes no Brasil

O OX513A foi testado em campo nas Ilhas Cayman, Panamá e Brasil, com a Oxitec relatando uma grande taxa de sucesso a cada lançamento. Por exemplo, um ensaio em uma área urbana do Brasil teria reduzido o Aedes aegypti em 95%, segundo a empresa.

Fundação Bill & Melinda Gates

A fundação criada por Bill Gates e sua ex-esposa Melinda, já investiu milhões de dólares nos projetos da Oxitec mirando o combate à malária.

Em junho de 2018, a Fundação Bill & Melinda Gates repassou US$ $5,812,666 para programa contra malária da Oxitec.

A Oxitec recebeu em setembro de 2020 US$ 1,614,272 em repasses da Bill & Melinda Gates Foundation para “Escopo preparatório para ensaios de campo de Fase II de Anopheles auto-limitados.

Em março de 2022, a Oxitec recebeu mais US$ 18,320,237 para projetos relacionados a malária da Fundação Bill & Melinda Gates.

Outros milhões de dólares foram repassados para a Oxitec pela Fundação de Bill Gates para outros projetos como “desenvolvimento agrícola”.

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